Translate

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Má engenharia - Projeto hidráulico destrói a Villa Lago Epecuén.


Em 21 de agosto de 2016 uma grande ressaca atingiu a cidade de Santos. A elevação de 2,60 metros no nível da água é considerada a maior dos últimos 12 anos. Houve um enorme dano material e muitas possibilidades de prevenção têm sido ventiladas; uma delas sugere a instalação de uma barreira física em alto mar na entrada da baía, o que eu considero inadequada.
“Barreiras na entrada da Baía de Santos comprometerão as trocas de água e a consequente renovação da água dentro do estuário, reduzindo a sua qualidade, a balneabilidade das praias e fragilizando todo o ecossistema.” (Vanessa Amanda de Morais – Bacharel em Ciências do Mar).
Um exemplo de má engenharia ocorreu na vila de Epecuén na Argentina. A cidade foi destruída 10 anos após a interferência do homem na natureza. Que sirva de alerta.
“Na década de 1920, uma aldeia estabeleceu-se ao longo da costa do Lago Epecuén, um lago salgado, localizada à 600 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires, Argentina. Devido ao potencial turístico, em 1921, um pequeno complexo termal foi inaugurado e a partir do ano seguinte, terrenos ao redor do lago, começaram a serem vendidos e a Villa Lago Epecuén começou a prosperar.  
O lugar oferecia aos seus visitantes águas termais, piscina de água doce, campos de tênis, centro de recreação, tratamentos médicos, lojas e foi construído uma usina para fornecer energia a população.
De acordo com registros históricos, entre 1914 e 1919 as chuvas foram duas vezes mais intensas que o normal, gerando um aumento no volume de água, deixando o lago adequado para a sua inauguração em 1921, mas baixava constantemente e essa instabilidade permaneceu por 50 anos.
O lago Epecuén era grande, mas raso e em 1959 foi confirmado que a profundidade média dos quase 10.000 hectares do lago era de um metro. Esse grande espelho d’água recebia água de outros lagos e a água ia evaporando e os sais minerais residuais se acumulando no fundo. Sendo o último na cadeia de lagos e lagoas e por estar localizado na parte inferior de uma depressão, o nível de água era sempre variável. Quando o nível estava muito baixo, a concentração de sal não era suficientemente diluída, e uma crosta de vários centímetros de espessura impedia o banho.
Mas em 1975, foi concluído um projeto hidráulico que trazia água de outros lugares e mantinha o nível da água do Lago Epecuén. Um muro de contenção de 3,5 metros em forma de ferradura também foi construído ao redor do resort.
A exploração comercial da área continuou até 1980, e uma vez que o lago recebia vários pontos de captação de água, o processo de mineralização e salinidade começou a mudar. Infelizmente, neste esforço contínuo que os seres humanos têm de querer controlar a natureza, eles não perceberam o que estava para acontecer. A quantidade de água da estação chuvosa, mais a água adicionada por obra humana e um evento climático conhecido como El Nino, que fez chover mais que o habitual nas colinas próximas do lago e isso por vários anos, fez Lago Epecuén encher e a Vila Epecuén começar a afundar.
Em 10 de novembro de 1985, o enorme volume de água rompeu o muro de contenção e inundou grande parte da cidade deixando-a sob quatro metros de água. A inundação aumentava um centímetro por hora e em 15 dias, toda a cidade estava embaixo d’água, fazendo as pessoas abandonarem a cidade as pressas, deixando móveis e carros para trás. Já no ano de 1993, a inundação continuou a engolir a cidade até ela ficar coberta por dez metros de água. Os residentes de Epecuén, fugiram para a cidade vizinha de Carhué, que fica a 8 quilômetros e outros foram embora da região, nem sequer olhando para trás. Quem chega hoje a Epecuén pode ver os restos oxidados de carros e móveis, casas em ruínas e eletrodoméstico destruídos. Escadas levam a lugar algum, e os cemitérios, revirados, expõem tumbas outrora enterradas. É uma paisagem estranha e apocalíptica, que representa um momento traumático para a posteridade.” (Magnus Mundi)



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Defensa Côncava



Uma cidade pode sofrer com um grande temporal, especialmente se chover em 24 horas o que estava previsto para o mês todo. Mas, uma cidade litorânea possui um duplo problema: tanto pode ser atingida com grandes temporais, quanto com fortes ondas – em grandes ressacas ou até tsunami. E justamente nesse domingo houve uma forte ressaca em Santos. A elevação da maré chegou a 2,60 metros, causando enorme prejuízo a centenas de pessoas, em especial na região a partir do canal 6 em direção ao Ferry Boat. O pior é que as alterações climáticas globais tornam bastante pessimistas as previsões até 2050. A tendência é que haja ressacas cada vez mais fortes. Será que vamos esperar, passivamente, uma elevação de maré alcançar 3 metros e causar uma tragédia? Desta forma, penso que é dever do poder público priorizar o investimento em defensas côncavas, como o modelo chileno acima.
“Existem diversos grandes progressos. Um deles é a observação global, onde satélites medem em que dimensões o gelo na Groelândia e na Antártida está derretendo. Esses dados não estavam disponíveis sete anos atrás. Essas medições nos permitem agora ter uma visão consistente da elevação atual do nível do mar. Nós sabemos que essa elevação ocorre devido ao recuo global das geleiras, do aquecimento da água dos oceanos e sua expansão, além do derretimento do gelo na Groelândia e na Antártida. A adaptação à mudança climática deve ocorrer de todas as formas, pois muitas pessoas já estão sendo atingidas pelas mudanças climáticas como consequência do aquecimento. A luta ainda não está perdida, mas a cada ano que se passa em que nenhuma redução das emissões é alcançada, as metas do clima já aceitas se distanciam até que possam desaparecerer de forma definitiva. É necessário fazer adaptações, pois as mudanças climáticas estão ocorrendo neste exato momento. A questão é saber até que ponto somos capazes de nos adaptar. "(Thomas Stocker). 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Carruagens de Fogo



2016 é um ano olímpico e eu, realmente, espero que os jogos do Rio sejam um grande sucesso; muito embora, considere lamentável que o Brasil, com um déficit econômico e de infraestrutura colossais, tenha gasto R$ 35 bilhões para realizar os jogos. Mas, nesse contexto, destaco o filme Carruagens de Fogo (Hugh Hudson/1981), um lindo drama contextualizando o atletismo, e retratando a fascinante história do cristão Eric Liddell e do judeu Harold Abrahams – ambos medalhistas nos jogos de Paris 1924. Que filme lindo!

Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão;
Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão. (Isaías 40:30-31)